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terça-feira, 30 de julho de 2013

Adaptação do texto "A Cicatriz é a Flor" de Newton Moreno

Diz, minha pele quer te ouvir.

Carrego comigo cada silaba tua.

Eu nunca vou perder a Memória da tua voz.

Acabou.

Lasciva, abri nosso diário membro a membro beijo a beijo letra a letra.
E me pus nua para outros, vários
Ofereci tua delicadeza
Rompi o silêncio por debaixo das vestes

Como se me lançasse numa suruba de cegos
Eles percorriam em êxtase nossas palavras
E entendiam nossas trocas em casa parte minha

Reconheceram o amor por suas pegadas e diziam,:
“Por aqui passaram amantes”
Marcando a ferro sua jornada

Beijavam meu corpo com os dedos
Dedos rápidos como o prazer que engoliam
Como se devorassem nós duas pelo tato

Um exército de cegos me penetrando com seus dedos
Me fizeram gozar tremer desmaiar

Línguas ásperas e mornas, me lendo com gula
Rasgaram nossa pele, machucando rimas
E borrando a caligrafia estudada de nossas horas

Ardiam metáforas de sangue a cada corte

Sofri minhas lágrimas e as tuas, enquanto
Embriagava-me em cada gozo

(pausa)

Perdão,
Mas... Quando o outro leu você no meu corpo...  Eu te amei tanto...

Acabou.

Você não tem lembrança alguma gravada na tua pele,
 Você se lava e fica limpa. E fica outra.
Eu me lavo e deságuo sempre em mim mesma.
Sempre.
 Eu me lavo pra dentro do mesmo cheiro.
 Eu me armazeno.
 Vocação para gaveta, álbum, arquivo.
Eu fico pra testemunho.

Acabou.

2 de março de 2003
Você se lembra?

Que o tempo seja nosso cúmplice.

Na raiz.

Paz.

Acabou.

A carne mais preciosa está sobre o coração.
             "A cicatriz é a flor."

Acabou.











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