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domingo, 28 de julho de 2013

Texto pra Virar Estrela

     Nunca liguei muito pra roupas. Sempre ganhei muitas e ia recombinando as que eu já tinha. Ontem escolhi pra sair uma blusa que a tempos eu não usava. Ela é preta tem as mangas compridas verdes e um decote bem bonito. Qual não foi minha surpresa a perceber a porção de memórias que essa blusa trás consigo, primeiro lembrei que tenho ela desde os 15 anos, quase 7 anos. Ou seja, tempo pra caralho.
    Daí me veio imediatamente a memória de você dizendo como eu ficava bonita com essa blusa, porque meus peitos ficavam grandes, rs. E imediatamente como essa lembrança, me vieram outras tantas dos nossos remotos tempos adolescentes. As intermináveis noitadas regadas de vinho ruim e cachaça com suco de laranja. Os malabarismos que fazíamos pra ter grana no fim de semana, e grana pra nós, era 5 conto no bolso e dois passes de ônibus. E impressionantemente, conseguíamos voltar bêbadas e com troco pra casa. Rs.  As descobertas, de tudo, do corpo, do caráter, do coração, da vida, dos planos....
Os dramas, sempre muito pesados, e muito urgentes. Os amores sempre eternos. As borboletas no estômago as amizades que se renovavam a cada bater de cabeça. As primeiras ressacas, primeiros beijos, primeiros pircings. Primeiras ressacas morais, primeiras beijos G. , primeiras falsificações de assinatura.
A certeza de que aquilo seria pra sempre, e de que éramos melhores do que todo resto do mundo. Arrogância?? Sem dúvida. Mas teríamos tempo pra nos dar conta disso.
       Os choros, as histórias e os bordões. Ah! Os bordões! “Nós somos uma só” “O mundo é um morango, cândido e cintilante” “ vira uma estrela” “ O importante é Deus no coração, o brilho labial e a bicicleta azul”.E vários outros que tínhamos como marca registrada e se espalhavam entre os nossos como praga.  Os nossos escritos, paródias, textos pra teatro (nossas cabeças funcionavam muito bem juntas!) e tantas outras memórias.
       Isso não é um texto de lamentação. Gosto muito da minha vida atual, e provavelmente ela me renderá textos como esse daqui à uns 7 anos. Mas como não lembrar de tanta coisa sem que os olhos brilhem?
       Muita coisa mudou desde então, inclusive não preciso que nenhuma blusa me diga que meus peitos são grandes. Mas essa blusa verde e preta, sempre me fará lembrar da gente. Com a certeza de que não preciso de muito pra ser feliz.

*Dedicado a uma grande amiga

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