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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

As Mentiras Que Somos Nós

Doía-lhe a garganta
E chá nenhum resolvia
Métodos alternativos
Ou Amoxilina

Eram as mentiras que a corroíam
Queimavam feito ácido
Todo tempo
O tempo todo

Mas como se livrar
De tanta mentira impregnada
Na pele
No âmago
E na vida inteira?

Como jogar fora
Mentiras tão repetidas
Já mescladas com a verdade?

Como se lavar das mentiras
sem perder metade de si?

Ser  verdade,
Pode ser mais difícil do que parece.

Mas a mentira cresce
Feito bola de fogo
Dentro de quem sente

Uma hora
Ela sai feito grito
Feito sangue
Feito doença

E espalha
A verdade que é doída
E de tão sufocada
Virou ferida
Ferida aberta
Cáustica e pungente.

Parecia libertador
Parecia ser fim e início.
De um novo ciclo
Autônomo e independente

Mas a verdade foi ignorada
Em silêncio, resguardada.

A mentira foi polida
Repintada
Recosturada no  lugar.
A estabilidade, restabelecida.

A verdade é mesmo

Uma verdade inconveniente.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Alcance

O tempo hoje correu arrastado
Lento
Pingando
Apertando
Mastigando as horas

Hoje o dia doeu
Mais do que dói de costume.

Não alcancei teus ruídos
Não consegui ler teus contidos sinais
Não pude interpretar teus versos

Não consegui desvendar teus olhos opacos
Ou contar tuas lagrimas
Ou conter teu choro

Não soube ter você
Ou ser tua

Não segurei firme o bastante
Não pude entrar no teu outro tempo
Teu outro espaço

Fiquei aqui fora
Virei vulto.
Você, sombra.

Eu relógio
Você atraso
Eu espera, desespero
Você ausência, apatia

Você silêncio
Eu gritos contidos

Eu deduções
Você silêncio

Você silêncio
Eu interrogações
Você silêncio

Você silêncio
Eu solidão

Você silêncio
E solidão.