Não gosto de rimas.
Elas sempre me irritaram
E no entanto, em tudo que escrevo
Em tudo que falo
Estas se fazem presentes
Tal como fossem convidadas
Me afrontam
Petulantes que são
Procuro no dicionário expressões equivalentes
Troco tudo
Inverto palavras
Versos
Repentes
Mas quando releio
As belas estão ali presente
Fico raivosa
Apago cada palavra
Vigorosa
Mas os sinais continuam ali
Tão nítidos quanto fotografias velhas
Que também não gosto de ver.
Coloco na caixa lacrada
Na prateleira mais alta
Não quero lembrar.
Esqueço.
Esqueço tanto
Que volto a olhar
Aquela velha caixa
Sem saber o que vou encontrar
E deparo com elas
As doídas memórias
De outrora
Épocas boas
Que não podem ser mais
Se não apenas lembranças
E por isso dói tanto
Tudo se explica.
Consigo escapar das rimas
Vez ou outra
Assim como de algumas memórias
Mas elas sempre voltam
As rimas
E as velhas histórias.
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