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quarta-feira, 8 de maio de 2013


Maria

Maria sempre gostou de bonecas. Tinha várias delas, do todos os tamanhos e cores. Quando indagada sobre que presente gostaria de ganhar respondia sem pensar: Boneca! Boneca sempre! Aos 4 tinha 8. Aos 7, 23, aos 12 48. Penteava todas com zelo e cuidado que só uma menina delicada como ela, faria. Ajustava-lhes cuidadosamente cada vestido, trançava-lhes os enormes cabelos de boneca. Enfileirava por ordem de tamanho, de idade de beleza ou de “gostamento”.Não havia, tio, vizinha, prima ou conhecida que não se encantasse diante de sua coleção. “Um primor” diziam. “uma riqueza” “que menina cuidadosa” “Uma verdadeira princesa”.
Maria cresceu, guardou com cuidado as bonecas, em uma caixa lacrada, com muito anti-mofo. E seguiu sua vida, entre batons, festas, e escola. Entre os amigos os sapatos e os namoros, ela percebeu que não se cansava de bonecas, Júlias, Amandas e Jéssicas. Continuava colecionando bonecas. De diferente tamanho, cujas brincadeiras eram outras.
Sua mãe quando soube fez um escândalo! O pai desmaiou. A avó não acreditou. Afinal, a menina nunca dera sinais. Os vizinhos faziam fofoca, quem  poderia imaginar, que menina tão menina, não gostasse de.....Shhhh! Todos pensavam, mas falar era proibido! Olhavam-na com estranho pesar,  “mas é tão feminina” diziam uns. “Tão delicada” diziam outros.
Maria se via triste por que não entendia tamanha decepção. Pensava por horas, em mudar de opção, orientação. Ou tirar o vestido e aposentar o batom. Mas por fim resolveu agir da forma que se sentisse melhor, e que quem se incomodasse que desse um jeito de desincomodar. E foi viver sua vida de boneca, do jeito que lhe desse na telha.

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