Maria
Maria sempre gostou de bonecas. Tinha várias delas, do todos
os tamanhos e cores. Quando indagada sobre que presente gostaria de ganhar
respondia sem pensar: Boneca! Boneca sempre! Aos 4 tinha 8. Aos 7, 23, aos 12
48. Penteava todas com zelo e cuidado que só uma menina delicada como ela,
faria. Ajustava-lhes cuidadosamente cada vestido, trançava-lhes os enormes
cabelos de boneca. Enfileirava por ordem de tamanho, de idade de beleza ou de “gostamento”.Não
havia, tio, vizinha, prima ou conhecida que não se encantasse diante de sua
coleção. “Um primor” diziam. “uma riqueza” “que menina cuidadosa” “Uma
verdadeira princesa”.
Maria cresceu, guardou com cuidado as bonecas, em uma caixa
lacrada, com muito anti-mofo. E seguiu sua vida, entre batons, festas, e
escola. Entre os amigos os sapatos e os namoros, ela percebeu que não se
cansava de bonecas, Júlias, Amandas e Jéssicas. Continuava colecionando
bonecas. De diferente tamanho, cujas brincadeiras eram outras.
Sua mãe quando soube fez um escândalo! O pai desmaiou. A avó
não acreditou. Afinal, a menina nunca dera sinais. Os vizinhos faziam fofoca,
quem poderia imaginar, que menina tão
menina, não gostasse de.....Shhhh! Todos pensavam, mas falar era proibido! Olhavam-na
com estranho pesar, “mas é tão feminina”
diziam uns. “Tão delicada” diziam outros.
Maria se via triste por que não entendia tamanha decepção.
Pensava por horas, em mudar de opção, orientação. Ou tirar o vestido e
aposentar o batom. Mas por fim resolveu agir da forma que se sentisse melhor, e
que quem se incomodasse que desse um jeito de desincomodar. E foi viver sua
vida de boneca, do jeito que lhe desse na telha.
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