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segunda-feira, 9 de junho de 2014

Sobre Fim.

Quinta-feira. O sol se pondo. O coração agoniado. Sempre tiveram brigas, gritos e até xingo. Mas aquela ultima briga, algo parecia diferente, notou frieza em seus olhos. Notou cansaço. Notou outros planos, já não em comum, planos dispersos, embaralhados: planos de outras cores. Ainda assim, esperou. Um dia. Dois dias. Uma semana. Uma semana e meia desde a briga. Nenhum telefonema, nem mensagem, ou e-mail, . Nenhum sinal de vida, nada.  Até aquela hora, 18:47, ela bate na porta.

-Entra.
Fica um pouco.
Senta.
Quer uma água?
Um café?
Tá tudo bem contigo?
Não pega as coisas não! Vamos conversar!
Eu não faço aquilo de novo!
Eu juro!
Não brigo contigo mais.
Nunca mais.
Faço o que você quiser!
Fica!
Por favor, fica!
A nossa foto....
Deixa aí!
Não, não rasga!
Por favor!
Fala comigo!
Ou me ouve!
A gente pode resolver isso....
Eu te amo.
Quero que você fiquei!
Não sai, por favor....
Olha pra mim!
Me diz adeus!
Um ultimo beijo!
Não!
Por favor!
Eu imploro!
Fica!
Fica...
Volta!
Volta...
Adeus.

As ultimas cinco palavras, saíram soluçadas, embargadas. Rasgadas. E o que seguiu-se dali foram quantas lágrimas ousassem sair dos seus pequenos olhos. Até a pele corar. Até o abdome doer, até o corpo cansar, e adormecer.
Seguiu por dias esse tormento, tentando encontrar razões pra viver. Ela, uma guri tão alegre, agora vagava cabisbaixa, distraída, como se lhe faltasse um membro, ou esperasse respostas da vida.
Alguns dias se arrastaram até que ela resolveu reviver. banho-se demoradamente, e saiu cheirando primavera. Notou gente nova nas ruas, gente bonita, interessante. Trocou olhares e até mesmo alguns sorrisos. Se sentiu bem. Se sentiu bonita, como a tempo não se sentia. Se sentiu bem de um jeito que não lembrava ser possível. Viu ali, ao alcance da mão, uma chance de ser feliz de novo. E decidiu, com todas as forças que conseguiu, com toda certeza que conseguia extrair de si, que seria uma outra pessoa. Que teria uma nova vida, independente de outros: ia ser por si.
Caminhou confiante e segura, até que na segunda esquina, quando foi pega pelo improvável. Numa cidade tão grande, na rua de um bairro distante, quem diria, que encontraria fosse seu antigo amor.... As duas tão distraídas quanto apressadas, quando se olharam, engoliram a seco. Nessa fração de tempo, o dia congelou, boca secou, coração disparou, perna bambiou. Meio sorriram timidamente, e prosseguiram o seu caminho.
Seguindo caminhos opostos, foi inevitável que pra cada uma revivesse em pensamento, os últimos dias, semanas, os últimos dois anos 2 meses e 14 dias, com todas as suas cores e sabores.
Saudaram o amor antigo por mais uns três minutos do caminho. Sentiram um aperto no peito, ao mesmo tempo. E finalmente, cada uma seguiu sua vida.

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