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segunda-feira, 16 de julho de 2018

Rodney


É tanta mazela
É tanta dureza,
Que me pergunto se é meu direito ser feliz
Rodeada de tanta tristeza.
Aqui do alto dos meus privilegios
Eu assisto os meninos do morro
Vagarem em seus destinos incertos
Como eu posso dormir tranquila
E acordar indiferente
A toda essa dor imensa
Imersa
Dessa gente
Que é gente como a gente
(São gente?)
De que me adianta
Ser positiva
Alimentar a esperança
Vendo a cada dia
Ceifar a vida das nossas crianças
(Ou já não eram crianças? )
Poucas linhas de um jornal
Relatam mais um desfecho
Já esperado
Já tão normal.
Três ou quatro sucintas frases
Se encarregam do ponto final
Menor que as curtas sentenças,
Sou eu.
Incapaz de reagir.
Engolindo o choro de sal
Que embaça a vista
Dessas luzes de Natal.
H.M
*Escrevi esse poema no fim do ano passado, quando saiu a notícia de que haviam encontrado o corpo de um garoto que estava desaparecido há algumas semanas. Não vi notícia mais nenhuma sobre o caso. Tem vidas que importam mais do que outras.

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