Doía-lhe a garganta
E chá nenhum resolvia
Métodos alternativos
Ou Amoxilina
Eram as mentiras que a corroíam
Queimavam feito ácido
Todo tempo
O tempo todo
Mas como se livrar
De tanta mentira impregnada
Na pele
No âmago
E na vida inteira?
Como jogar fora
Mentiras tão repetidas
Já mescladas com a verdade?
Como se lavar das mentiras
sem perder metade de si?
Ser verdade,
Pode ser mais difícil do que parece.
Mas a mentira cresce
Feito bola de fogo
Dentro de quem sente
Uma hora
Ela sai feito grito
Feito sangue
Feito doença
E espalha
A verdade que é doída
E de tão sufocada
Virou ferida
Ferida aberta
Cáustica e pungente.
Parecia libertador
Parecia ser fim e início.
De um novo ciclo
Autônomo e independente
Mas a verdade foi ignorada
Em silêncio, resguardada.
A mentira foi polida
Repintada
Recosturada no lugar.
A estabilidade, restabelecida.
A verdade é mesmo
Uma verdade inconveniente.
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